No Brasil contemporâneo (séc. XXI, novo milênio, 2007, etc.), dentre as várias mazelas sociais que nos afligem diretamente, está a da Educação, na qual, entre outras questões importantes e urgentes, se discute os rumos e prumos do sistema educacional brasileiro. O horizonte vislumbrado é desanimador, independente da matriz ideológica do governo federal, estadual ou municipal. Entra mandato, sai mandato, apenas se discursa sobre os problemas que atingem diretamente os envolvidos nesta questão, ou seja, nós, população em geral.
Sabemos, ou desavisadamente suspeitamos, que tanto na esfera federal quanto na esfera local o problema existe. E é grave. Muito se teoriza sobre como solucionar as questões, mas parece que pouco se faz. No geral é assim (na esfera federal é assim), e no local, como é? No Brasil é assim, e em Paranavaí, como é? Nas universidades públicas federais é assim, e nas faculdades públicas estaduais isoladas, como é? Entendemos que discutir problemas educacionais na esfera local também nos dá condições de pensar e debater problemas na esfera federal, e vice-versa.
A Fafipa é uma instituição de Ensino Superior Público que já conta com 41 anos de existência e abriga a população de todo o Extremo Noroeste do Paraná e tem como objetivos:
1- Ministrar o ensino superior, visando à formação de profissionais ao exercício da investigação e do magistério em todas as áreas do conhecimento, bem como à sua qualificação para as atividades profissionais.
2- Estender o ensino e a pesquisa à sociedade, mediante cursos e prestação de serviços.
3- Realizar intercâmbio científico e cultural, bem como participar de programas oficiais de cooperação nacional e internacional”. (fonte: www. fafipa.br)
Então, caros colegas leitores, fica explícito que a Fafipa tem uma clara função social a cumprir. Em tese, é uma Instituição de Ensino Superior Público, onde a sua comunidade acadêmica é composta por três componentes fundamentais: Alunos, Servidores e Professores (não necessariamente nesta ordem). Os alunos prestam concurso vestibular e permanecem em média na instituição de 04 a 06 anos, dependendo do desempenho no curso; os servidores efetivos prestam concurso público e em média permanecem de 25 a 30 anos na instituição – a mesma situação também ocorre com os professores.
Em teoria, estes três setores, a todo o momento, deveriam usufruir de um equilíbrio funcional que permitisse o excelente desempenho de suas atribuições e funções, quais sejam: aos alunos compete estudar (bastante) e exigir ensino de qualidade a todo momentoSEMPRE; aos professores compete preparar bem suas aulas, qualificarem-se academicamente com cursos de pós-graduação – Mestrado e Doutorado – e aos servidores compete bem organizar os mecanismos de funcionamento da Instituição, zelando pelo seu bom andamento, e também buscar uma melhor qualificação profissional com cursos técnicos, ou até mesmo de graduação. Em tese.
Na prática, percebemos o seguinte: ao longo do seu tempo de existência a Fafipa não obteve êxito no acompanhamento do crescimento da região noroeste do Paraná. Os alunos continuam procurando a entidade porque é uma das únicas opções de Ensino Superior “próxima” da sua localidade de origem. Não se consegue fazer concurso público para servidores efetivos desde meados da década de 1990! Convém lembrar que as pessoas mudam de cidade, mudam de emprego, morrem, enfim não são eternas! Como se resolve isso atualmente? Contratam-se estagiários com tempo de serviço pré-determinado para executar determinada função que originalmente deveria ser ocupada por um profissional concursado! Os estagiários também são vítimas de um círculo vicioso. Afinal não podem executar o seu projeto de vida devido à precariedade de sua posição.
Os professores vivenciam igual situação, pois os cursos de graduação têm sua autorização de funcionamento emitida, mas no momento de efetuar-se um concurso público para preenchimento das vagas, isso não ocorre porque o Governo do Estado, via Secretaria de Ciência e Tecnologia, não autoriza. Qual a solução? Contratam-se professores colaboradores por tempo determinado. Que expectativa se cria? Nenhuma, pois o professor não consegue vislumbrar ascensão funcional dada a precariedade de sua situação!
O último concurso público realizado foi um avanço frente aos anos anteriores, mas não podemos nos acomodar com essa situação. Precisamos que mais professores titulados (Mestres e Doutores) venham desenvolver seus trabalhos acadêmicos aqui. Na atual situação, os cursos de graduação perdem em qualidade de ensino, simplesmente, porque não conseguem uma uniformidade de suas ações acadêmicas. Pesquisa muito raramente consegue-se executar, e a Extensão fica prejudicada, já que a população que cerca a Faculdade não consegue vislumbrar as importantes ações que o Ensino Superior promove.
Não nos enganemos. Essa situação de ensino precário é historicamente construída, não aconteceu por acaso.
Parecia-nos que assistíamos ao circo dos horrores do descaso com a educação superior e não nos incomodávamos. Os recentes fatos ocorridos quando da manifestação de nós acadêmicos por melhor qualidade de ensino, e justamente cobrando a realização de concurso público para docente, demonstram que esta triste questão não está morta como julgávamos. Ficou claro que falta à Direção da Faculdade executar uma ação mais efetiva, mais pragmática, no enfrentamento deste problema.
Pensamos essa ação apresentando o seguinte raciocínio: quando ocorre a disputa eleitoral para a ocupação do cargo de Direção na Fafipa, os grupos se formam (alunos, servidores e professores e comunidade extra-fafipa, sim isso ocorre!) e tomam partido deste ou daquele candidato. O sufrágio é executado - o exercício da democracia, a escolha direta do representante maior da Instituição. Apuram-se os votos e estabelece-se o ranking eleitoral com pesquisa de intenção de voto e tudo o mais (não seria melhor mudar a ordem? Primeiro se faz a pesquisa com intenção de votos e depois apuram-se os votos.).
Vale ressaltar o seguinte: dentre todas as pessoas que ocuparam o cargo de direção na Fafipa, apenas um ou dois não foram os empossados com a maioria dos votos. Por que isso ocorre? Porque o processo de escolha da Direção é baseado numa lista tríplice em que o Sr. Governador do Estado do Paraná indica ao seu bel prazer quem ocupará o cargo. Isso é lógico, pois o cargo de Direção é considerado por lei como cargo de confiança do Governo do Estado.
Não deveria ser assim, mas é!
Só existem dois lados dessa moeda. Ou se encampam as reivindicações dos acadêmicos, ou por omissão, se admite o desmando vindo de cima, abaixa-se a cabeça e lamenta-se pelo leite derramado...