quinta-feira, 27 de novembro de 2008

FAFIPA e UEM

Já não é a primeira vez que a FAFIPA é palco de debates sobre incorporação à UEM ou transformação em Universidade e etc. De tempos em tempos ouvimos estas conversas nos corredores. Pena que nós alunos, os principais atingidos por qualquer mudança, ainda não tivemos a oportunidade de conhecer de perto os prós e os contras de qualquer mudança.

Há textos que correm pela Internet com argumentos a favor, em virtude da experiência docente, aponta três pilares básicos a favor da incorporação à UEM. São eles: Ensino, Pesquisa e Extensão. Coisas que todo aluno da FAFIPA sabe estar em falta em nossa instituição. Há professores que “fazem bico” na FAFIPA; As monografias não possuem o acompanhamento necessário e pesquisas não são incentivadas, afinal, não se tem laboratórios e chega-se até ao cúmulo de simplesmente queimar documentos, como ocorreu com algumas revistas antigas; Extensão então, ninguém sabe o que é isso.

Há outros textos que tenta expor uma opinião contrária, mas com uma série de argumentos ao vento e que parece sustentar-se apenas em um regionalismo exacerbado, como se Maringá fosse inimiga mortal de Paranavaí e Região (o “Região” é por minha conta, afinal, não sou paranavaiense e o autor do texto em momento algum parece se preocupar com o entorno de sua cidade). Não posso concordar com esta tese. Além disso, o texto aqui debatido cita Olavo de Carvalho, um sujeito sem a mínima credibilidade e que acredita que existe uma conspiração comunista prestes a tomar o poder na América Latina, veja se pode? Cita Lênin, ao meu ver, de forma equivocada, pois o revolucionário russo foi o que melhor entendeu a “filosofia da práxis”. Por fim, cita ainda Antonio Gramsci, pena que mais uma vez de forma equivocada, pois a “guerra de posições” (conquista da sociedade civil) caminha junto com a guerra de movimento” (conquista da sociedade política), uma vez que no Ocidente, ao contrário do Oriente, existe o “Estado Ampliado”. Mas talvez Ciência Política não seja o forte do autor do texto.

O argumento de que a UEM “roubaria” os melhores professores e aplicaria em Maringá as melhores pesquisas, é também sem fundamento e fica a impressão de que o autor tem medo de ver Maringá progredir e sua querida Paranavaí não. A impressão que dá é de que, na visão do autor, ele não quer ver sua cidade perder o status de pólo regional diante das demais cidadezinhas vizinhas.

Transformar a FAFIPA em extensão da UEM é sim fortalecer a instancia de ensino superior já existente por aqui. Ora, não trata-se de uma simples placa ou cabeçalho no diploma. É muito mais do que isso. Não sei se a maioria sabe, mas a UEM possui orçamento próprio, não precisa ficar choramingando migalhas junto ao governo estadual. Trazer novos cursos de graduação e pós-graduação seriam mais fáceis com a incorporação. Quem ganharia com isso, a população de Paranavaí e Região. Garanto que não seria a população ou os empresários de Maringá.

Clamo por uma discussão acadêmica, sem picuinhas e ciumeiras bairristas que nada contribuem para o encaminhamento do debate. Apresentem prós e contras, seria muito mais interessante. Discursos ideológicos fragmentados e que apelam para o “a minha cidade é melhor que a sua” ou então “a minha cidade deve se desenvolver e a sua não” ou ainda "a sua cidade vai roubar o que há de melhor na minha" levam a lugar algum, afinal de contas, penso que o progresso de Maringá é também o progresso de Paranavaí e Região. Chega de coronélismo!

Cássio Augusto S. A. Guilherme - Bacharel e Pós-Graduado em Direito pela UNIPAR/Paranavaí; Graduando e Pós-graduando em História pela FAFIPA.