A Revista Veja é mesmo muito cômica. Recentemente publicou uma matéria com a ousadia de ser “um verdadeiro divisor de águas na história da discussão educacional brasileira”, mas que na prática serve, como vem servindo ultimamente, apenas como mais uma retórica em defesa do “não há alternativas”. Quero socializar aqui alguns trechos que seriam cômicos, caso não fossem trágicos na doutrinação reacionária de seus leitores:
“Muitos professores e seus compêndios enxergam o mundo de hoje como ele era no tempo dos tílburis. Com a justificativa de ‘incenivar a cidadania’, incutem ideologias anacrônicas e preconceituosas esquerdistas nos alunos”.
Só seriam anacrônicas se não existisse mais o modo de produção capitalista.
“uma tendência prevalente entre os professores brasileiros de esquerdizar a cabeça das crianças”
Uma tendência prevalente na mídia brasileira de direitizar os leitores.
“Não é bobagem. A doutrinação esquerdista é predominante em todo o sistema escolar privado e particular”.
Acho que eles queria dizer público e particular né. A doutrinação neo-liberal predomina em Veja.
“Pobres alunos”.
Pobres leitores de Veja.
“Estão sendo preparados para viver no fim do século XIX, quando o marxismo surgiu como ideologia”
Marxismo não é uma ideologia.
“É embaraçoso que o marxismo-leninismo sobreviva apenas em Cuba, na Coréia do Norte e nas salas de aula de escolas brasileiras”
Eles sempre têm que arrumar uma forma de falar “mal” de Cuba.
“Gostam muito dele, fariam tudo por ele, menos é claro, lê-lo – pois Karl Marx é um autor rigoroso, complexo, profundo que, mesmo tendo apenas uma de suas idéias ainda levadas a sério hoje – a Teoria da Alienação -, exige muito esforço para ser compreendido”.
Realmente, ler Marx não é simples e não apenas a sua teoria sobre a Alienação que é válida, como também a mais-valia, seus apontamentos sobre a acumulação primitiva e muitas outras coisas.
“Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara”.
É histórico o ódio que Veja tem pela figura de Che Guevara
“Idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização”.
Muita calma nesta hora. Falar de Che e Cuba vá lá, agora reduzir Paulo Freire a isso já é demais. Prova-se apenas que não leram Paulo Freire, um educador reconhecido no mundo todo e com métodos de alfabetização de adultos utilizados em todos os continentes da terra.
“Entre os professores brasileiros ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história humana”.
Não que Einstein não seja um dos maiores gênios da história, mas ao tratar de educação, Freire da de goleada. Mas é típico de Veja, o brasileiro só é bom quando é um mega-empresário e etc...
Ainda tem na catastrófica reportagem alguns péssimos comentários a trechos de livros didáticos, que são um deleite para ver o desespero de Veja em tentar sustentar sua ideologia. Destaco aqui apenas dois:
“ ‘Muitos agricultores e vaqueiros seguiram o Conselheiro para fugir da exploração e da miséria a que estavam submetidos pelos fazendeiros da região (...) Nessa comunidade (Canudos) o trabalho e a produção eram divididos igualmente. Não havia cobrança de impostos nem polícia’ (História, pág. 93, Ed. Moderna) COMENTÁRIO: Euclides da Cunha, em Os Sertões, relata que Antônio Conselheiro era um psicopata que atraiu com sua pregação mística ‘um exército de gente ínfima e suspeita, avessa ao trabalho’”.
Veja faz mal uso de um trecho do livro de Euclides da Cunha. Aliás, os jargões de Veja são os mesmos usados contra o MST. Normal para uma revista que representa uma classe. Nas palavras de Josué de Castro: “O Brasil é dividido em dois grupos: os que não comem e os que não dormem com medo dos que não comem”. É visível o lado de Veja.
“ ‘A realidade demonstrou que as medidas neoliberais dos últimos governos agravaram a miséria e a concentração de renda no país. (...) No ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil ficou em 72º lugar’ (Das cavernas ao terceiro milênio, História, pág. 290, Ed. Moderna) COMENTÁRIO: Só no ano passado 6 milhões de brasileiros saíram da miséria. O país reduziu a desigualdade e ingressou na lista de países com alto desenvolvimento humano”.
O trecho do livro citado fala do Governo FHC, pois os livros didáticos procuram sempre não comentar sobre o atual governo, parando a linha do tempo no anterior. Portanto, Veja faz, mesmo sem perceber, uma defesa das políticas sociais do Governo Lula, que realmente, como os programas de incentivo ao crédito, à agricultura familiar, o Fome Zero, etc, que tirou milhares de brasileiros da miséria, reduziu a desigualdade social e aumentou o IDH do Brasil. Estaria Veja condenando as políticas neoliberais de FHC e defendendo as políticas públicas de Lula? Acho que não, Veja está apenas fazendo uma defesa cega do neoliberalismo, mesmo que para isso precise manipular/omitir dados, informações e tempos históricos.
Leia também texto publicado no excelente Blog do Azenha sobre esta matéria, e meu artigo publicado na Revista Urutágua sobre a Veja.
Fonte: www.cassio-nl.blogspot.com
“Muitos professores e seus compêndios enxergam o mundo de hoje como ele era no tempo dos tílburis. Com a justificativa de ‘incenivar a cidadania’, incutem ideologias anacrônicas e preconceituosas esquerdistas nos alunos”.
Só seriam anacrônicas se não existisse mais o modo de produção capitalista.
“uma tendência prevalente entre os professores brasileiros de esquerdizar a cabeça das crianças”
Uma tendência prevalente na mídia brasileira de direitizar os leitores.
“Não é bobagem. A doutrinação esquerdista é predominante em todo o sistema escolar privado e particular”.
Acho que eles queria dizer público e particular né. A doutrinação neo-liberal predomina em Veja.
“Pobres alunos”.
Pobres leitores de Veja.
“Estão sendo preparados para viver no fim do século XIX, quando o marxismo surgiu como ideologia”
Marxismo não é uma ideologia.
“É embaraçoso que o marxismo-leninismo sobreviva apenas em Cuba, na Coréia do Norte e nas salas de aula de escolas brasileiras”
Eles sempre têm que arrumar uma forma de falar “mal” de Cuba.
“Gostam muito dele, fariam tudo por ele, menos é claro, lê-lo – pois Karl Marx é um autor rigoroso, complexo, profundo que, mesmo tendo apenas uma de suas idéias ainda levadas a sério hoje – a Teoria da Alienação -, exige muito esforço para ser compreendido”.
Realmente, ler Marx não é simples e não apenas a sua teoria sobre a Alienação que é válida, como também a mais-valia, seus apontamentos sobre a acumulação primitiva e muitas outras coisas.
“Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara”.
É histórico o ódio que Veja tem pela figura de Che Guevara
“Idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização”.
Muita calma nesta hora. Falar de Che e Cuba vá lá, agora reduzir Paulo Freire a isso já é demais. Prova-se apenas que não leram Paulo Freire, um educador reconhecido no mundo todo e com métodos de alfabetização de adultos utilizados em todos os continentes da terra.
“Entre os professores brasileiros ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história humana”.
Não que Einstein não seja um dos maiores gênios da história, mas ao tratar de educação, Freire da de goleada. Mas é típico de Veja, o brasileiro só é bom quando é um mega-empresário e etc...
Ainda tem na catastrófica reportagem alguns péssimos comentários a trechos de livros didáticos, que são um deleite para ver o desespero de Veja em tentar sustentar sua ideologia. Destaco aqui apenas dois:
“ ‘Muitos agricultores e vaqueiros seguiram o Conselheiro para fugir da exploração e da miséria a que estavam submetidos pelos fazendeiros da região (...) Nessa comunidade (Canudos) o trabalho e a produção eram divididos igualmente. Não havia cobrança de impostos nem polícia’ (História, pág. 93, Ed. Moderna) COMENTÁRIO: Euclides da Cunha, em Os Sertões, relata que Antônio Conselheiro era um psicopata que atraiu com sua pregação mística ‘um exército de gente ínfima e suspeita, avessa ao trabalho’”.
Veja faz mal uso de um trecho do livro de Euclides da Cunha. Aliás, os jargões de Veja são os mesmos usados contra o MST. Normal para uma revista que representa uma classe. Nas palavras de Josué de Castro: “O Brasil é dividido em dois grupos: os que não comem e os que não dormem com medo dos que não comem”. É visível o lado de Veja.
“ ‘A realidade demonstrou que as medidas neoliberais dos últimos governos agravaram a miséria e a concentração de renda no país. (...) No ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil ficou em 72º lugar’ (Das cavernas ao terceiro milênio, História, pág. 290, Ed. Moderna) COMENTÁRIO: Só no ano passado 6 milhões de brasileiros saíram da miséria. O país reduziu a desigualdade e ingressou na lista de países com alto desenvolvimento humano”.
O trecho do livro citado fala do Governo FHC, pois os livros didáticos procuram sempre não comentar sobre o atual governo, parando a linha do tempo no anterior. Portanto, Veja faz, mesmo sem perceber, uma defesa das políticas sociais do Governo Lula, que realmente, como os programas de incentivo ao crédito, à agricultura familiar, o Fome Zero, etc, que tirou milhares de brasileiros da miséria, reduziu a desigualdade social e aumentou o IDH do Brasil. Estaria Veja condenando as políticas neoliberais de FHC e defendendo as políticas públicas de Lula? Acho que não, Veja está apenas fazendo uma defesa cega do neoliberalismo, mesmo que para isso precise manipular/omitir dados, informações e tempos históricos.
Leia também texto publicado no excelente Blog do Azenha sobre esta matéria, e meu artigo publicado na Revista Urutágua sobre a Veja.
Fonte: www.cassio-nl.blogspot.com